quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Editorial - Feliz ano-novo, segundo a novela

De todas as mensagens de feliz ano-novo que inundam a televisão nestes dias de festas, a mais persistente é a que nos chega todas as noites ao fim dos capítulos da novela Viver a Vida (Rede Globo, 21 horas). Terminado o episódio, entra em cena o depoimento de alguém da vida real, com a sua própria história de vida. São pequenas histórias de superação, como ficou na moda dizer, que servem para corroborar o tema central da ficção.

Viver a Vida, escrita por Manoel Carlos, gira em torno do drama de Luciana (interpretada por Aline Moraes), cuja carreira de modelo profissional é interrompida por um acidente que a deixa tetraplégica. De um dia para o outro, ela passa a conviver com limitações físicas severas e precisa se reprogramar, ou, em outras palavras, precisa superar sua tragédia se quiser reencontrar o caminho da felicidade. A superação é o mote central da novela: é a ideia de superação que orienta o percurso de todos os personagens. Cada um a seu modo, eles tentam vencer seus limites. Para a namorada do médico o desafio é se curar do alcoolismo. Para a garçonete bonita que vive na casa do dono do restaurante o obstáculo é vencer os fantasmas do passado e as consequências dos erros que cometeu. Para outros a principal barreira é aceitar uma crueldade do destino caprichoso e encontrar um modo de seguir adiante.

Aí é que entram as pessoas reais que dão seus depoimentos ao final dos capítulos. Todas elas narram episódios traumáticos por que passaram e contam como, em meio a adversidades, tiveram de reinventar a vida. A mensagem é sempre a mesma: viver é superar e superar-se. Assim, por meio dos depoimentos, a realidade entra em cena para dizer que a ficção está certa.

O lastro de "vida real" reforça a identidade do público com a trama fictícia, com uma autoridade praticamente inquestionável. Às vezes, ele já vem embutido na própria obra. Em 1982, por exemplo, um autor estreante, Marcelo Rubens Paiva, comoveu o País com um best-seller que era, ele mesmo, um depoimento de vida real. Explicitamente autobiográfico, Feliz Ano Velho relatava, sem meias palavras, como o autor-protagonista reaprendeu a viver numa cadeira de rodas e venceu. Agora, na TV, o sofrimento da modelo Luciana é fictício, mas os "personagens reais", com suas falas na primeira pessoa, conferem à ficção o mesmo lastro de realidade. Aconteça o que acontecer, nós temos de acreditar que o novo ano será mais feliz que o ano velho. É disso que Luciana e todos aqueles depoimentos de final de capítulo nos tentam convencer.

O diálogo entre ficção e realidade vem-se aperfeiçoando velozmente na indústria do entretenimento, com resultados cada vez mais potentes. O mesmo recurso - inserir falas de gente como a gente no fecho de cada episódio - já foi testado pelo próprio Manoel Carlos numa novela anterior, Páginas da Vida, de 2006. Agora, porém, o procedimento mostra-se mais certeiro. A sintonia entre as falas das personagens fictícias e o discurso das pessoas reais é tão bem calibrada que parece que a realidade começou a falar a língua da ficção. A tal ponto que cabe perguntar: é a realidade que inspira a ficção ou a ficção que ordena a realidade?

À primeira vista, fica no telespectador a impressão de que a novela apenas toma por base as tragédias anônimas para transformá-las numa peça ficcional de grande força. No entanto, à medida que se vão sucedendo os depoimentos, noite após noite, outra percepção ganha corpo: a de que os relatos das diversas pessoas reais parecem reeditar um texto mais ou menos igual. Aquelas pessoas nunca conversaram entre si, mas, é estranho, elas falam o mesmo texto: a minha vida transcorria normalmente, veio uma fatalidade, eu não me entreguei, lutei, e hoje sou mais feliz do que antes.

De onde vem esse texto único? Já sabemos que todos os melodramas se parecem: moça pobre, príncipe encantado, vilões, o bem contra o mal, o paraíso do amor eterno, etc. Sabemos também que a saga do herói dá a estrutura narrativa, com poucas adaptações, das novelas de TV e dos filmes de Hollywood. Mas agora estamos vendo algo de sutilmente novo: gente de carne e osso que, ao falar de sua trajetória individual, reproduz a narrativa do melodrama. Isso não invalida a verdade que esses relatos nos transmitem, nem reduz o seu valor, ou sua autenticidade, mas deveria fazer-nos pensar.

Será que, sem as categorias narrativas do entretenimento, nós teríamos os recursos linguísticos para descrever as nossas próprias subjetividades? Será que, sem buscar as imagens da ficção, seríamos capazes de dizer quem somos, ou como nos vemos? É bem provável que não. E antes que alguém se apresse a dizer que desde sempre o humano se apoia nos mitos para se compreender e para se comunicar, é preciso lembrar que, na nossa era, os mitos não vêm mais da religião ou da literatura, nem mesmo da arte propriamente dita, mas da indústria que promove a diversão. A novela, assim como retrata o nosso tempo, sintetiza a linguagem pela qual aprendemos a dizer quem somos. Não estamos mais na era da chamada indústria cultural: estamos na era em que cada sujeito anônimo, ao falar de si, fala as narrativas da indústria cultural, que, por sua vez, vai se abastecer exatamente dessas muitas falas. E a isso muitos vêm chamando, inadvertidamente, profusão de individualidades. Ora, como falar em profusão de individualidades se as individualidades se copiam umas às outras em escala industrial?

Fora tudo isso, que o novo ano seja melhor que o ano velho. E que sejamos felizes, mesmo sabendo que, na vida real, ser feliz nada mais é que a ilusão de nos darmos bem no melodrama que, precariamente, inventamos para nós mesmos.

(Eugênio Bucci, jornalista, é professor da ECA-USP)

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Texto - Filtro Solar, Pedro Bial



Nunca deixem de usar filtro solar!
Se eu pudesse dar uma só dica sobre o futuro,seria esta: use filtro solar.Os benefícios a longo prazo do uso de filtro solar
estão provados e comprovados pela ciência;
já o resto de meus conselhos não tem outra base confiável além de minha própria experiência errante.
Mas agora eu vou compartilhar esses conselhos com vocês.
Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude.
Ou, então, esquece... Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado.
Mas, pode crer, daqui a vinte anos, você vai evocar as suas fotos e perceber de um jeito - que você nem desconfia hoje em dia quantas tantas alternativas se lhe escancaravam à sua frente, e como você realmente tava com tudo em cima.
Você não é tão gordo(a) quanto pensa!
Não se preocupe com o futuro. Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que pré-ocupação é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra.
As encrencas de verdade de sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada, e te pegam no ponto fraco às quatro da tarde de uma terça-feira modorrenta.
Todo dia enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade.
Cante.
Não seja leviano com o coração dos outros.
Não ature gente de coração leviano.
Use fio dental.
Não perca tempo com inveja.
Às vezes se está por cima, às vezes por baixo.
A peleja é longa e, no fim, é só você contra você mesmo.
Não esqueça os elogios que receber.
Esqueça as ofensas.
Se conseguir isso, me ensine.
Guarde as antigas cartas de amor.
Jogue fora os extratos bancários velhos.
Estique-se.
Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos vinte e dois, o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que conheço ainda não sabem.
Tome bastante cálcio.
Seja cuidadoso com os joelhos. Você vai sentir falta deles.
Talvez você case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não. Talvez se divorcie aos quarenta, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante.
Faça o que fizer, não se auto-congratule demais, nem seja severo demais com você.
As suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo. É assim pra todo mundo.
Desfrute de seu corpo. Use-o de toda maneira que puder. Mesmo. Não tenha medo de seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele. É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir.
Dance. Mesmo que não tenha aonde além de seu próprio quarto.
Leia as instruções, mesmo que não vá segui-las depois.
Não leia revistas de beleza. Elas só vão fazer você se achar feio.
Dedique-se a conhecer os seus pais. É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez.
Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado
e possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro.
Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons.
Esforce-se de verdade para diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida, porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que conheceu quando jovem.
More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de endurecer.
More uma vez no Havaí, mas se mande antes de amolecer.
Viaje.
Aceite certas verdades inescapáveis: Os preços vão subir. Os políticos vão saracotear. Você, também, vai envelhecer.
E quando isso acontecer, você vai fantasiar que quando era jovem, os preços eram razoáveis, os políticos eram decentes, e as crianças, respeitavam os mais velhos.
Respeite os mais velhos.
E não espere que ninguém segure a sua barra. Talvez você arrume uma boa aposentadoria privada. Talvez case com um bom partido. Mas não esqueça que um dos dois pode de repente acabar.
Não mexa demais nos cabelos senão quando você chegar aos quarenta vai aparentar oitenta e cinco.
Cuidado com os conselhos que comprar, mas seja paciente com aqueles que os oferecem.
Conselho é uma forma de nostalgia. Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo, repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale.
Mas no filtro solar, acredite!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Texto - Dia da Árvore



Mesmo com a famosa e reconhecida biodiversidade brasileira, 80% das árvores plantadas na cidade de São Paulo são formadas por árvores europeias e asiáticas. Dá para acreditar? Isso aconteceu por um motivo cultural, por causa daquela conversa boba de que tudo quanto é estrangeiro é melhor. E esse papo era ainda mais forte no século 19, quando os governantes acreditavam que era chique fazer o Brasil parecer a Europa.

Atualmente, as pessoas estão mais conscientes, por isso, o cambuci, uma espécie nativa da Mata Atlântica paulistana que produz frutos saborosos, está começando a ganhar destaque novamente (leia matéria Resgate no Cambuci), mas está longe de ser facilmente encontrada na cidade. Ainda é mais vista nas zonas Sul e Leste da capital. “Há cem anos, encontraríamos muitos cambucis, até na avenida Paulista. Hoje, a situação é diferente e a prefeitura não recomenda o plantio de árvores frutíferas porque atrai pessoas, insetos e faz sujeira”, conta o Ricardo Cardim, da Associação Amigos das Árvores de São Paulo. “Não concordo. Acho que são males pequenos frente aos benefícios que elas trazem para as pessoas”, completa.

O botânico acredita que as árvores frutíferas são as melhores para conectar as pessoas com o verde porque são mais valorizadas e tornam mais clara a relação entre natureza e qualidade de vida. As frutas atraem bichinhos, como pássaros, para comê-las e acabam aumentando a presença de aves no local, equilibrando o ciclo natural.

O QUE ELAS TRAZEM DE BOM
Onde tem árvore o bem-estar é maior. São nos locais mais arborizados que as pessoas sentem a temperatura mais amena, o tempo mais fresquinho, aproveitam a maior quantidade de sombras e maior umidade do ar. São nesses lugares, também, que o risco de enchentes é menor.

Funciona assim: 70% da água da chuva ficam “presos” na copa das árvores e, depois, essa água é conduzida pelo tronco para o solo e até o lenço l freático. Se, em vez de árvores só existem postes e cimento, a água escorre pela rua e inunda tudo, sem ser absorvida. “Se a cidade fosse muito bem arborizada como Paris e Madri, formando corredores verdes, não teríamos esse tipo de problema”, diz Ricardo.

Mas o especialista conta que a história da urbanização de São Paulo contribuiu para esse quadro, já que muitas construções invadiram as várzeas. Ele explica que o rio Tietê - que enche e transborda com mais freqüência do que deveria - tinha pântano e brejo em suas margens, portanto, as inundações ficavam restritas a elas. Como os homens construíram em volta da várzea e colocaram o rio em um canal, quando a água da cidade escoa para o Tietê, ele enche e transborda.

As matas ciliares protegem os rios como os cílios protegem os olhos. Essas matas evitam que caia terra dentro do rio. Afinal, à medida em que a terra cai, o rio perde profundidade, então, cabe cada vez menos água e ele transborda. Além disso, a mata ciliar filtra a água que desce em direção ao rio, a torna mais pura e alimenta os peixes que moram ali.

Outra contribuição muito importante se refere à umidade do ar - ou à falta dela, no caso de SP. Enquanto a árvore faz fotossíntese, ela libera umidade, além de filtrar gases tóxicos como o monóxido de carbono e amenizar as ilhas de calor, que é acontece quando se forma uma zona desértica por causa da quantidade de pedras e de concreto que acumulam o calor do sol. “Quando tem área de floresta, o calor do sol é absorvido pelas copas e a sensação é melhor. Um estudo da Unesp mostrou que a diferença entre um bairro arborizado e o centro, que tem poucas árvores, é grande. O centro pode estar 12ºC mais quente”, afirma Ricardo.

MÃOS À OBRA
De toda essa conversa, o mais importante é aprender que as árvores são muito importantes para sua saúde, seu bem-estar e sua cidade, não apenas um símbolo de florestas que ficam lá longe. Plantar árvores é sempre bom, mas o melhor a fazer é cuidar das árvores que já existem. “Precisamos vencer aquele preconceito de que árvore solta folha, quebra calçada, prejudica a cidade. É uma ideia antiga das pessoas mais velhas que precisa desaparecer. A árvore é amiga da cidade”, diz o botânico.

Mas se você está superempolgado em plantar árvores para comemorar o dia delas, ótimo. Só é preciso saber o que plantar para não colocar espécies invasoras à solta. Essas plantas (e animais também) são competitivas a ponto de não deixarem as nativas crescerem. Elas dominam o ambiente e eliminam alguns exemplares de forma que a floresta fique cada vez mais pobre, com menor biodiversidade.

“É muito mais legal plantar do que comprar uma espécie: começar num copinho, passar para um vasinho, colocar numa praça e ver, 20 anos depois, que ela cresceu como você”. Animou? Veja abaixo algumas das sugestões da Associação dos Amigos das Árvores de São Paulo.

1.Pequeno porte – até 5 metros de altura
- araça (Psidium sp.) – frutos, atrai fauna, ornamental;
- pitangueira (Eugenia uniflora) – frutos, atrai fauna, ornamental e
- cambuci (Campomanesia phaea ) - frutos saborosos, árvore símbolo de São Paulo.

2. Médio porte – até 10 metros de altura
- pata-de-vaca (Bauhinia forticata) – floração branca, ornamental;
- aroeira-pimenteira (Schinus terebinthifolius) – atrai avifauna e
- jabuticabeira (Eugenia cauliflora) – atrai avifauna.

3. Grande porte – mais que 10 metros de altura
- pau-marfim (Balfourodendron riedelianum) – ornamental;
- jacarandá-paulista (Machaerium villosum) – ornamental e
- ipê-amarelo (Tabebuia ochraceae) – flor, ornamental.

Texto - Dia da Paz

21 de setembro - DIA DA PAZ!
(Por Heidi Strecker* Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação)



Para muita gente, a paz é uma realidade cotidiana: acordar, ir à escola ou ao trabalho, se alimentar, ver televisão, brincar, dormir. Mas para muitas crianças e adultos, essa realidade é um sonho distante. Essas pessoas vivem em nações em guerra, em regiões em conflito, são refugiadas, suas casas estão destruídas.

A paz é um bem precioso e temos que lutar por ela. Criar pontes entre pessoas de crenças e culturas diferentes. Para fazer algo em favor da paz a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) criou, em 1981, o Dia Internacional da Paz.

Qual o valor da paz em nossa vida pessoal? Em casa, na escola, será que basta cada um viver sua vida, sem se importar com o outro, para viver em paz? Não, muito pelo contrário. A paz é difícil de ser construída. Para ter paz é preciso criá-la e lutar por ela todos os dias. Construir a paz significa ter tolerância, aceitar as diferenças, conviver com o outro. E se há conflito como chegar a um acordo? Conversando, negociando, propondo alternativas.

Será então que basta obedecer às regras e fazer tudo certinho? É isso viver em paz? Aceitar injustiças, fechar os olhos? Ter paz, ao contrário, é ter os olhos bem abertos. Sentir harmonia entre o que a gente pensa e o que sente. Agir como a gente acha que é certo. É difícil, mas é isso que significa ter paz no coração. Ter a mente tranqüila.

Paz e liberdade
Entre os governos e os países a paz também é difícil de ser construída. Paz não é apenas ausência de guerra ou de conflitos. Um povo oprimido e escravizado não é um povo que vive em paz. Um povo apático e alienado também não vive em paz. Para haver paz é preciso haver liberdade.

Outro ponto a se pensar é que o tecido social não é sólido se não há igualdade ou justiça. Dentro de uma sociedade sem igualdade e sem justiça há espaço para a violência. A paz precisa de justiça.

Há muitas formas de celebrar o Dia da Paz. Soltar uma pomba branca, recortar mil bandeiras brancas, conversar com quem está ao nosso lado ou fazer um minuto de silêncio pelas pessoas que estão em guerra. Fazer um desenho, criar um poema ou fazer uma pesquisa para descobrir quantas nações estão em conflito, hoje, neste momento. O conhecimento é uma arma muito importante em favor da paz. Tudo isso vale. E muito.

*Heidi Strecker é filósofa e educadora.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Música - Tudo Tudo, Chiquititas

Essa música de tão simples é linda.



Fique bem atento para ver sair o sol,
Para se dar conta que o dia vai ser bom.
Tem que inventar truques para enganar a dor
Quando estamos tristes, temos que encontrar o coração.

Refrão
Tudo, tudo, tudo é teu é só querer
Você quer?
E com um sorriso
É fácil de viver...
É muito importante
Bastante gargalhadas, háháhá!
E já,já,já
Não te dói mais nada?

Não se compra um sorriso nem se vende o amor
Não há como pagar é muito caro o coração
Aqui só te ensinam, tudo tem que se pagar,
Mais o meu sorriso,
Ninguém vai poder comprar.

Tudo, tudo, tudo é teu é só querer
Você quer?
E com um sorriso
É fácil de viver...
É muito importante
Bastante gargalhadas, háháhá!
E já,já,já
Não te dói mais nada?


Composição: Cristina De Giácomi e Carlos Nilson

domingo, 30 de agosto de 2009

Música - Vai Passar, Chico Buarque

Eu tô viciada nessa música, por que será?



Vai passar nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo página infeliz da nossa história,
passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia a nossa pátria mãe tão distraída
sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos erravam cegos pelo continente,
levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral... vai passar


Composição: Chico Buarque e Francis Hime

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Futebol - 95 anos de Palmeiras





SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS COMPLETA 95 ANOS DE GLÓRIAS E CONQUISTAS!

PARABÉNS AO MAIOR CAMPEAO BRASILEIRO DO SÉCULO! =D

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Política - Suplicy mostra "cartão vermelho" e pede que Sarney saia da presidência do Senado



Uma semana depois de o Conselho de Ética do Senado enterrar 11 representações contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi à tribuna para pedir aos colegas que dêem um "cartão vermelho" ao peemedebista.

Ele levou um pedaço de papel da mesma cor e disse que a mensagem serviria para os brasileiros, fãs do esporte mais popular do mundo, entenderem a importância do assunto. Acrescentou que daria o cartão se tivesse tido a chance de ser juiz de Sarney no Conselho de Ética.

"Quero transmitir - e falei ao presidente José Sarney pessoalmente - que para voltarmos à normalidade de funcionamento do Senado, o melhor caminho é que Sua Excelência renuncie ao cargo de presidente do Senado", disse Suplicy, membro da bancada do partido que foi fiel da balança na operação para salvar Sarney na semana passada.

"Várias dúvidas persistem, não foram suficientemente esclarecidas na defesa do senador no Conselho de Ética", afirmou ele, enumerando as motivações das representações contra o peemedebista no Conselho de Ética.

Na segunda-feira, Suplicy criticou a posição de Sarney enquanto o presidente do Senado fazia um discurso na tribuna em homenagem ao escritor Euclides da Cunha. Sarney se irritou com a intervenção do petista e interrompeu o discurso.

Para Suplicy, "o Senado sofreu um desgaste incomensurável com o arrastar dessa situação", com uma série de denúncias contra o presidente da Casa, acusado de mau uso de recursos públicos e de influir para a contratação de familiares e assessores para cargos no Parlamento.

"Estamos em 25 de agosto e ainda que hoje aprovemos algumas proposições, não há nenhuma que tenha requerido atenção de todos nós como o Senado e o país precisam."

Sarney não estava no plenário durante os comentários de Suplicy, que afirmou que o presidente do Senado estaria em seu gabinete concedendo uma entrevista.

O senador petista disse que parlamentares e partidos políticos estão enfrentando "o clamor das ruas". Recente pesquisa do instituto Datafolha diz que a maioria dos brasileiros defende a saída de Sarney da presidência do Senado.

Por Uol Notícias

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Música - Quase sem querer, Legião Urbana

Essa música é tão boa... Tem umas frases magníficas!



Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranqüilo
E tão contente...

Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira

Mas não sou mais
Tão criança, oh! oh!
A ponto de saber tudo...

Já não me preocupo
Se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo
O mesmo que você...

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos
Sei que às vezes uso
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto...

Já não me preocupo
Se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo
Quase ninguém vê

E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu quero
O mesmo que você...

Oh! Oh! Oh! Oh!...


Composição: Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Renato Rocha

sábado, 22 de agosto de 2009

Música - Eu posso, você também, Floribella



Vê-se ai uma musiquinha muito alegre e educativa para crianças, adolescentes e alguns adultos também. Gosto muito do som animado.

Letra:
Oê Oê, Oê Oá, Oê Oê

Vamos olhar a luz do Sol
E fazer sorrir o nosso coração
Vamos dizer pra quem é triste
Que a vida é uma só
E o dia é hoje

Vem que já é hora de sentir
Que a dor que vem de dentro
Hoje vai sumir
E todos precisamos acreditar
Que com força e sem medo
Nossa vida vai mudar

Porque quero
Porque posso
Porque vivo
Porque sonho

Posso ser livre (você também)
Posso dançar (você também)
Posso cantar (você também)
E me sentir tão viva
Posso vencer (você também)
Posso sentir (você também)
Posso viver (você também)
Viver, viver, viver

Oê Oê, Oê Oá, Oê Oê

Vamos vencer a escuridão
A maldade, a inveja, desilusão
Vamos levantar essa bandeira
De quem luta
De quem sonha
De quem quer bem mais

Não desista jamais
Dos seus sonhos
Se ainda não pode alcançar
Porque com muita força
E esperança
Onde quer que seja
Você vai chegar

Porque quero
Porque posso
Porque vivo
Porque sonho

Posso ser livre (você também)
Posso dançar (você também)
Posso cantar (você também)
E me sentir tão viva
Posso vencer (você também)
Posso sentir (você também)
Posso viver (você também)
Viver, viver, viver

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Música - Abri os Olhos, Sandy e Junior



Sei
Mais do que eu quis
Mais do que sou
E sei do que sei
Só não sei viver
Sem querer ser
Mais do que sou.

O fato é o ato da procura
E a cura não resiste só
O que era certo
Eu descobri
Nem sempre era o melhor

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar

Não sei afastar
A dor de saber
Que o saber não há
Só não sei dizer
Se esse meu ver
Se pode explicar

Enquanto eu penso
Tanto entendo
Que é mais fácil
Não pensar
O que era certo
Eu aprendi
A sempre questionar

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar

Ahhh...Ahhhh...

Sei
Mais do que eu quis
Mais do que sou
E sei do que sei

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar

Abri os olhos
Não consigo mais fechar
Assisto em silêncio
Até o que eu não quero enxergar

Composição: Lucas Lima / Tatiana Parra / Otavio

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Revista - Como mudar o mundo gastando 15 minutos por dia



Depois de sugerir 75 perfis verdes do Twitter, o site Mashable postou mais uma “brincadeira séria” online. Trata-se de uma espécie de guia com dicas de como mudar o planeta sem gastar mais do que 15 minutos por dia.

A ideia é dar uma mãozinha para aquelas pessoas que sentem vontade de fazer a diferença no mundo, mas não tem tempo para isso. Ao todo, são 20 dicas, subdividas em quatro tópicos principais.

Entre eles, comprar produtos certificados pelo Comércio Justo (ou Fair Trade, em inglês) – uma organização internacional que atesta produtos que tenham preço justo e são fabricados de acordo com padrões sociais e ambientais sustentáveis – e viajar para lugares que respeitem o meio ambiente.

O site pretende mostrar que, com a internet, tanto pesquisar produtos certificados quanto encontrar locais de ecoturismo é muito fácil e, certamente, não tomaria mais do que 15 minutos na vida de qualquer pessoa, mas faria uma grande diferença na situação do planeta.

Além dessas, existem outras dicas bem legais no Mashable. E você, sabe algum outro jeito de mudar o mundo gastando apenas 15 minutos por dia?

Veja aqui o site do Mashable e suas 20 dicas!

Língua Portuguesa - Sauipe perde o acento, Piauí o mantém

Por Thaís Nicoleti

"A primeira grande investida de Enrique Bañuelos no Brasil ocorreu no ano passado, quando ele ameaçou comprar o complexo hoteleiro Costa do Sauipe, que também vinha registrando prejuízos."

De fato, o topônimo Costa do Sauipe, antes grafado Costa do Sauípe (com acento), agora, depois da reforma ortográfica, perde o acento agudo. Esse acento, na verdade, era mesmo desnecessário. Vamos entender por quê.

Esse é o mesmo caso de palavras como "feiura", "bocaiuva", "baiuca", "boiuno" ou "cauila", em que, embora as letras "i" e "u" estejam sozinhas numa sílaba tônica, o acento não é necessário para garantir a sua pronúncia como hiato.

Em palavras como "saída" e "saúde", por exemplo, a ausência do acento gráfico levaria à leitura das sílabas "ai" e "au" como ditongos ("saida", como "saia", ou "saude", como "fraude"). O acento serve para que as letras "i" e "u" representem vogais inteiras, não semivogais.

Nas palavras em que o "i" e o "u" são antecedidos de ditongos, não há risco de ditongação. O "i" e o "u", nesses termos, vêm imediatamente depois de semivogais. Veja: fei-u-ra , bo-cai-u-va, Sau-i-pe. Vemos, assim, que o acento não era, de fato, necessário nesse caso.

Observe, porém, que, nas palavras oxítonas, o acento permanece mesmo havendo o ditongo antes do "i" e do "u". Assim: Piauí, tuiuiú ou teiú continuam com acento.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Jornal - As negociações sobre o clima e seus mitos

Os combustíveis fósseis são o motor da nossa civilização e reduzir o seu consumo enfrenta enormes resistências, não só das empresas que os produzem, como também dos nossos padrões de consumo



Vai-se realizar em dezembro deste ano a Conferência de Copenhague (Dinamarca), cuja finalidade é rever e atualizar as decisões tomadas em Kyoto, (Japão), em 1997, quando os países participantes da Convenção do Clima - pela primeira vez - decidiram fazer algo para tentar evitar o aquecimento da atmosfera e as mudanças climáticas que dele decorrem, adotando o Protocolo de Kyoto. Desde 1997 ficaram cada vez mais claras as consequências desse aquecimento, bem como as suas causas, sendo a principal das quais a queima dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás).

Sucede que esses combustíveis são o motor da nossa civilização e reduzir o seu consumo enfrenta enormes resistências, e não só das empresas que os produzem, como também dos nossos padrões de consumo. Mudar padrões de consumo é difícil, de modo que para reduzir o consumo de combustíveis fósseis é preciso encontrar substitutos para eles, sem o que nossa civilização deixaria de existir.

O único grupo de países que está levando essa tarefa a sério é o dos europeus, que decidiram, até 2020, reduzir as suas emissões de carbono e produzir 20% de sua energia a partir de fontes renováveis. Os Estados Unidos permaneceram até agora à margem do Protocolo de Kyoto.

Os países em desenvolvimento, mesmo os grandes emissores - China, Índia e Brasil (este por causa do desmatamento da Amazônia) -, recusaram-se a fazê-lo, usando o argumento de que reduzir as emissões vai prejudicar o seu desenvolvimento, que é a primeira - e provavelmente a única - prioridade dos seus governos.

Esse é o primeiro dos mitos que cercam as negociações sobre o clima. O desenvolvimento desses países resulta na emissão de quantidades crescentes de gases que produzem o chamado "efeito estufa", porque estão seguindo a trajetória usada no passado pelos atuais países industrializados, baseada no uso intensivo de combustíveis fósseis com tecnologias pouco eficientes. Com os avanços da tecnologia nos últimos 50 anos é possível obter os mesmos serviços com menos energia - e, portanto menos emissões de gases de "efeito estufa" -, mesmo usando combustíveis fósseis. Além disso, fontes renováveis de energia se desenvolveram muito e é possível hoje usar a energia solar, a dos ventos e a hídrica de maneira muito mais eficiente do que se fazia no passado.

O segundo mito é o de que os países em desenvolvimento só poderão adotar essas tecnologias caso os países industrializados paguem por elas, o que se estima custaria de US$ 100 bilhões a US$ 200 bilhões por ano. Essa é uma expectativa irrealista. Por que razão um país como a China, que lança satélites no espaço, constrói bombas atômicas e tem reservas de US$ 2 trilhões, precisaria de doações dos países ricos para modernizar a forma de usar energia? Esse argumento poderia valer para os países mais pobres da África, mas não para a China, a Índia e o Brasil.

O terceiro mito é o de que é injusto exigir esforços dos países em desenvolvimento - que são mais pobres -, enquanto os mais ricos não fazem nada. Esse argumento não só tem o ranço de um forte ressentimento, como também não é verdadeiro: os países da União Europeia estão fazendo seu dever de casa e os Estados Unidos aprovarão até o fim do ano uma lei que, em linhas gerais, é similar às adotadas na União Europeia.

O quarto mito é o de que os países ricos estão emitindo há mais de 150 anos, quando começaram a se industrializar, e os países em desenvolvimento só se tornaram emissores importantes mais recentemente - atualmente as emissões anuais da China já superam as dos Estados Unidos. O argumento da "responsabilidade histórica" pode ser útil no jogo político, mas tem fundamento técnico muito discutível, porque parte das emissões de carbono feitas há 150 anos já foi absorvida pelos oceanos. A gravidade das consequências resultantes da emissão de gases de "efeito estufa" somente foi reconhecida cientificamente na década de 80 do século 20. Não é razoável culpar, hoje, os emissores do passado por um "crime" que não era reconhecido como tal. Mas agora não é possível alegar ignorância. Metade das emissões de gases de "efeito estufa" provém dos países industrializados, o restante tem origem em países em desenvolvimento. Mesmo que eles deixassem de emitir, seria impossível evitar o aquecimento global. Em outras palavras, a participação dos países em desenvolvimento é essencial, quaisquer que tenham sido as "injustiças" do passado.

O quinto mito é o de que instrumentos de mercado, como a venda de créditos de carbono, são suspeitos e imorais, não passando de uma forma de os países em desenvolvimento resolverem os problemas dos países industrializados. Essa suspeita deriva da convicção de que eles são os responsáveis pelo problema e a eles cabe, portanto, resolvê-lo. Com base nesse argumento, nem o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) deveria ser aceito. Essas ideias equivocadas advêm do fato de que não se deseja reconhecer que reduzir emissões de carbono nos países em desenvolvimento é mais barato do que reduzi-las nos países industrializados e que usar mecanismos de mercado terá como resultado a transferência de tecnologia para eles.

No caso brasileiro, em maior ou menor medida, o Itamaraty e o próprio presidente da República têm-se comportado como se aceitassem esses mitos. É isso que explica a posição defensiva e a falta de liderança que o País assume em foros internacionais, quando, na realidade, o Brasil teria muito a mostrar, com os seus amplos programas de energias renováveis (que compreendem o etanol da cana-de-açúcar e as hidrelétricas).

*José Goldemberg é professor da Universidade de São Paulo

Artigo originalmente publicado no jornal O Estado de S. Paulo, na seção Espaço Aberto

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Música - Gospel, Raul Seixas



"Por quê é que o sol nasceu de novo e não amanheceu?
Por quê é que tanta honestidade, no espaço se perdeu?

Por quê é que Cristo não desceu lá do céu e o veneno só tem gosto de mel?
Por quê é que a água não matou a sede de quem bebeu?

Por quê é que eu passo a vida inteira com medo de morrer?
Por quê é que os sonhos foram feitos pra a gente não viver?

Por quê é que a sala fica sempre arrumada se ela passa o dia inteiro fechada?
Por quê é que eu tenho caneta e não consigo escrever?

Por quê é que existem as canções que ninguém quer cantar?
Por quê é que sempre a solidão vem junto com o luar?

Por quê é que aquele que você quer tão bem só quer sempre estar lá do outro alguem?
Por quê é que eu gasto o tempo sempre e sempre a perguntar?
Perguntar!
"

Música 'nova' (estava censurada) de Don Raulzito, o homem da simplicidade da palavra que encanta e traduz o que se pensa a todo segundo.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Livro - Podecrer



Fazia muito tempo que eu não lia nada. Desde a minha época de vestibular que acabei lendo um livro de poesias do Alberto Caeiro por completo ou de uma das minhas férias que li o último livro da série Harry Potter. A partir dai, cada livro era lido até a metade e deixado de lado. Esse foi o livro que comprei com vontade e o li por inteiro. E que me trouxe novamente aquele gostinho bom...

O livro "Podecrer" é simples, mas bem pensado. Linguagem simples, história agradável e que eu queria muito ter vivido. Ou não. Sabe aqueles tempos de fortes ideologias, de forte moda, de forte música, de crescimento do futebol, da auto-afirmação brasileira? Essa época. Anos 80. É totalmente agradável a leitura.

A seguir algumas passagens do livro que gostei ou que me marcaram:

- "Durante minha infância, O Brasil era de fato muito "pra frentex". País tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Aqui não existia maremoto, terremoto, nem ciclone, nem tufão, nem vulcão. Extinto ou em erupção. Em nosso país só havia coisas bonitas: junção das águas, pororoca, floresta amazônica, pico da neblina, pantanal, cataratas do iguaçu, serra da mantiqueira, pico da bandeira, serra do mar, praias-com-coqueiro-que-dá-côco, terra-em-em-se-plantando-tudo-dá. O cidadão comum podia comprar seus Fusca usado, sua passagem de ônibus ou seu bilhete de pingente nos trens de subúrbio. Estava livre.
Eu vivia num país muito justo. Muito melhor que todos os outros. Nos Estados Unidos havia racismo; os pretos não podiam morar nas mesmas áreas que os brancos. Um absurdo! Na Rússia, as mulheres eram obrigadas a realizar trabalhos forçados; chegavam mesmo a ser postas para varrer as ruas. Um escândalo! O pior de todos esses países iníquos era a Índia. Lá, os prédios residenciais estavam cheios de grades e eram guardados por vigilantes armados, para impedir a invasão dos miseráveis durante a noite. Foi o que me disseram. Duvidei dessa história. Não podia acreditar que existisse um país assim. "

- "Acho às vezes que no mundo inteiro só existe Brasil. o resto é troço sem traço. Troça de ficção intervencionista."

- "Eu conheço esses caras faz muito tempo, sei de todos os podres. Nossos comunistas não passam de uns coitados. Se acham muito espertos, mas só entram em roubada. São uns carneiros em pele de lobo. "

- "Pois eu acho que as luzes do lado de fora da caverna vêm das lâmpadas néon de um cassino imenso"

- "Quanto mais eu penso, mais eu vejo que não adianta muito pensar. Qualquer opção tem em si um pouco de céu e de inferno. O jeito é fechar os olhos e pular pra dentro do abismo da vida. O abismo correto é aquele que à primeira vista nos parece o mais perigoso."

- "A vida é uma chacrinha que só acaba quando termina."

- "Essa coisa de lado branco e lado negro só existe em Star Wars. Na vida real, tudo é cinza. Não existe linha reta em direção ao melhor de nós mesmos. O caminho reto é o caminho torto. E o caminho torto é o caminho reto."

- "Eu já vi o mal cara a cara, negada, e ele é feio pra burro. Mas o pior mal não consegue ser um mal total, um mal incorruptível. Tudo muda o tempo todo, tudo evolui ou degenera, nada fica estático, monolítico."

- "Juro transformar o errado em certo, alimentar os famintos, auxiliar os fracos, descumprir as leis e jamais recusar ajuda a uma pessoa em aflição!"

- "- Marquinho, acho que nosso problema de rebeldia sem causa vem do lance da gente se sentir meio merda, meio...pobre.
- Entendi não esse papo aí de merda-pobre - retrucou o boquirroto.
Saudades do parnasianismo. Elaboro tese sublime e Dom Marcos a transluciferiza mefistofausticamente em substantivo composto, de clara natureza escura: merda-pobre. Demorei um tempão para explicar a ele, no meu melhor latim mulatim, toda a profundidade daquelas idéias:
- É a questão do pobre relativo. Nós somos uns caras espertos, porém durangos. Daí a revolta. Pesa muito ter de estudar ao lado desses filhinhos-de-papai...
- Que não passam de uns filhinhos-de-mamãe...
- Exatamente! E enquanto eles desfilam tênis importado, tudo comprado caro pra cacete na Bee de Ipanema, a gente amarga o similar nacional.
- Eles de All-stars, nós de Bamba, eles de Pampero, nós de Conga.
- Isso!
O totalmente despossuído é livre. A classe média, sim, vive na escravidão. Da sua auto-imagem, da sua eterna vontade. Do que quer ser e não pode. (...) Pobreza relativa. Revolta. Classe média, essa condição de angústia. (...)
- Pobreza relativa, Marquinho.
- Já saquei. Sujeito meio merda, meio pobre. Merda-pobre!
Desde então, o poeta não parou de usar a expressão. Tive que aceitar. Colou no meu ouvido. "

- "Excuse me while I light my spliff, I gotta take a lift from reality"
(Com sua licença, vou aqui acender o meu, e dar um tempo na realidade)

- "Just like a tree planted by the river of water bringeth forth fruits in due season, everything in life got its purpose."
(Assim como a árvore plantada junto ao rio dá frutos na estação correta, tudo na vida tem o seu propósito)

- "You running and you running and you running away. You running and you running, but you can't run away from yourself."
(Você corre e corre e foge para longe. Você corre e foge, mas já não pode fugir de si mesmo)

- "Which man can save his brother's soul? Oh man, it's just self control. Don't gain the world and lose your soul. Wisdom is better than silver and gold."
(Quem pode salvar a alma de seu próprio irmão? Rapaz, tome pé da situação. Não adianta ganhar o mundo e perder o coração. perto da sabedoria, o ouro e a prata não valem nem um tostão)

- "Emancipate yourself from mental slavery, none but ourselves can free our own minds!"
(Emancipe-se da escravidão mental, cabe a nós mesmos libertarmos nossas mentes)

- "Wake up and live, now!" (Acorde e viva, agora!)

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Poema - V - Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada

Tive o meu primeiro contato com Fernando Pessoa durante o início do meu ensino médio com uma professora de literatura que estudava profundamente o autor. Gosto de Fernando Pessoa e toda a sua obra. A princípio o que mais me chamou a atenção e um dos que gosto, em especial, é o heterônimo Alberto Caeiro. Ele é simples, porém não ingênuo, ele sabe talvez explicar coisas que nem os grandes pensadores e filósofos sabiam explicar. Alberto Caeiro na sua simplicidade sabia sentir, olhar, ouvir, pensar, entretanto não de uma forma convencional, ele apenas, apenas mesmo, usava os sentidos. Foi, e sempre será, o mestre de todos os heterônimos, sempre será o sábio que usava da forma mais simples de viver e vivia, sempre será a forma pessoana que sabia o que era viver.
Segue um dos primeiros poemas que li, que é um dos, sem dúvida, mais famosos e um dos que me tocam muito (mesmo já tendo lido repetidamente milhares de vezes):



Há metafísica bastante em não pensar em nada.

O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?

Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.

O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!

(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.


Alberto Caeiro

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Música - Ideologia, Cazuza

Composição: Cazuza / Frejat



Meu partido é um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos tão barato que eu nem acredito
Ah! eu nem acredito...

Que aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo)
Frequenta agora as festas do "Grand Monde"...

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia! Eu quero uma pra viver
Ideologia! Prá viver...

O meu prazer agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock 'n' roll
Eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Ah! saber quem eu sou..

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro (Em cima do muro...)

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia! Eu quero uma prá viver
Ideologia! Prá viver...

Pois aquele garoto que ia mudar o mundo (Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro (Em cima do muro...)

Meus heróis morreram de overdose
Meus inimigos estão no poder
Ideologia! Eu quero uma prá viver
Ideologia! Eu quero uma prá viver..
Ideologia! Prá viver
Ideologia! Eu quero uma prá viver...